terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ypê Amarelo

Amarelo me lembra sol, banana e o Brasil.
Ypê me lembra marca de sabão.
A junção dos dois só passou a ter sentido para mim há alguns anos atrás. Fui apresentada a uma árvore sem folhas, completamente nua, mas mesmo assim imponente no meio das outras, era um Ypê Amarelo.
Ele não me representou muita coisa no inicio, mas o tempo passou e chegou à primavera. E em um dos meus passeios da tarde me deparei com uma das cenas mais bonitas que guardo na memória. Uma chuva de flores amarelas... A árvore que era só galhos, naquele dia era só flores. E a sua imponência era maior ainda.
O chão se tornou um tapete amarelo e nossa maior diversão (minha e das pessoas que compartilharam aquela tarde comigo), era tentar pegar as flores que caiam antes de chegarem ao chão. Foi uma tarde que nunca saiu da minha cabeça. Anos se passaram e essa palavra tomou outro significado na minha vida.
Comecei a estagiar num bairro da periferia que se chama Ypê Amarelo.
A primeira vista era como uma árvore seca, uma região de grande vulnerabilidade social. Não dá para dizer que era imponente, mas destoava do mundo que a rodeava. Tão perto da capital, na era da tecnologia e com tantos avanços na ciência, e, se assim podemos dizer na “civilização”, o que vi ali foi dor, ignorância, pobreza, violência, e invisibilidade social.
Chegamos na primavera e infelizmente não posso dizer que só vejo flores, mas já posso dizer que elas existem e são muitas.
Também foi numa tarde inesquecível que vi as crianças sorrindo, vi que a alegria fazia parte daquelas pessoas e que se eram invisíveis para muitos, também eram o sentido da vida para outros. E que ali existia famílias, existia amor, existia esperança, luta e muita vida. Era uma árvore florida e mais uma vez eu estava ali tentando segurar as flores antes que elas chegassem ao chão.
Talvez essa seja a construção de uma vida, a resposta do que quero ser, ou de quem sou. E sabe como descobri isso? Hoje estava indo trabalhar quando vi no caminho um ypê amarelo florido... Me lembrei da beleza da tarde em que ele começou a fazer sentido para mim. Mas quando peguei papel e caneta e escrevi Ypê amarelo, não era mais uma arvore, era um bairro cheio de pessoas especiais que marcaram minha formação universitária e humana e duas palavras que se juntaram deixaram de representar apenas sabão e sol para se tornar história.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

M uitas pessoas passam por nossas vidas...
U mas deixam cicatrizes doloridas (na alma), outras cicatrizes que trazem:

L embranças de risos, de travessuras e loucuras.
H ellen, Hellenzinha, de adolescentizinha a mulherzinha
E volução, ou reconhecimento?
R econheci em você uma pessoa única
Z angada ou de bom humor, em crise ou em êxtase de felicidade
I ndependentemente da hora, dia ou lugar...
N ão há como não ser feliz com você por perto!
H oje só me resta dizer:
A DORO VC!

Feliz Aniversário!!!!!!! Vai um Martini???

[Para Hellen Tavares, com carinho pelos seus 22 aninhos :D amanhã ]

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tudo que vai - Capital Inicial

Hoje é o dia
E eu quase posso tocar o silêncio
A casa vazia.
Só as coisas que você não quis
Me fazem companhia
Eu fico à vontade com a sua ausência
Eu já me acostumei a esquecer

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro

Salas e quartos
Somem sem deixar vestígio
Seu rosto em pedaços
Misturado com o que não sobrou
Do que eu sentia
Eu lembro dos filmes que eu nunca vi
Passando sem parar em algum lugar.

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais
Fica o gosto, ficam as fotos
Quanto tempo faz
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais...