domingo, 27 de março de 2011

Apenas tentativas...









Transformei em festa e poesia,

Converti em lágrimas e lamentos,

Fiz dela imagem e sons.

Tentei matá-la,

ignorar, fugir

substituir

Mas o que fiz

o que tentei fazer

Não fez diferença

Ela não me larga,

Não sai do meu peito

Não me deixa só

E no fim das contas sempre sou eu e a saudade.

Aprender, Crescer e Morrer!

Aprendemos muita coisa o tempo todo.

Por mais que sejamos ignorantes,

Também somos donos de algum saber.

Quando criança, aprendi algumas coisas que quando me tornei adolescente vi que não era aquilo, então consegui chegar a um novo saber. Mas os anos se passaram e não era aquilo, era outra coisa. Assim vai acontecendo o tempo todo, minhas verdades de ontem eram equívocos e minhas descobertas de hoje amanhã simplesmente não fazem mais sentido.

Parei para refletir sobre isso e imaginei minha vida como uma casa e a cada parte levantada a parte anterior era destruída, e meu coração se angustiou com a pergunta, estou construindo uma casa ou acumulando entulho.

Não sei se alguma coisa pode ser considerada um saber definitivo, pois até se descobrir que a terra girava em torno do sol, era o sol que girava em torno de nós...

As idéias, os valores, o vocabulário, os sentimentos e os sonhos vão se transformando, quem odiava azeitona hoje come um pote de uma vez... é o extremo oposto que me assusta.

É essa coisa de aprendizagem, de construção, elaboração, é o caminho. A trajetória necessária para chegarmos onde estamos e que nos leva pra onde não sabemos.

É a eterna ignorância, a eterna busca, é o caminhar em direção ao inexistente que me choca diante da vida, que me faz olhar pra tudo e perguntar será que é mesmo tudo uma luta contra o que de fato é certo: a morte?

quarta-feira, 23 de março de 2011

Texto: "Despir um corpo a primeira vez" de Affonso Romano de Sant'Anna

Despir um corpo a primeira vez é um conhecimento entre dois deuses. Não se pode profanar o instante. E os amantes devem manter o ritmo dos altares. Porque, embora nesses rituais haja sempre panos e trajes para agradar o Olimpo, é pra nudez total que o céu nos quer quebrar. As mãos têm que ter um compasso certo. Um andante ou claro de Bach nos gestos, compondo a alegria dos homens e mulheres. As mãos, sobretudo, não podem se apressar. Com os olhos, têm que aprender e, com a ponta dos dedos, contemplar os acordes que irão surgindo quando, peça por peça, o corpo for se desvestindo ao pé do altar. Antes de se tocar com as mãos e lábios, na verdade, já se tocou o corpo alheio com um distraído olhar sempre envolvente. E ninguém toca um corpo impunemente. Despir um corpo a primeira vez não pode ser coisa de poeta desatento, colhendo futilmente a flor oferta num abundante canteiro de poesia. Nem pode ser coisa de um puro microscopista, que olha as coisas sabiamente.
Se tem que ser de sábio olhar, que seja do botânico, porque esse saber aflorar em cada espécie tem de mais secreto ou distante, o que cada espécie sabe dar. Despir um corpo a primeira vez é conhecer, pela primeira vez uma cidade. E os corpos das cidades têm portas para abrir, jardins de pousar, torres e altitudes que excitam a visitação. Quando os corpos se tocam por acaso, como se estivessem indo em direções diferentes, o que ocorre é desperdício. Não se pode tocar um corpo impunemente. Para se tocar um corpo completa e profundamente, num dado instante, os corpos têm que se convergir. E convergir com uma luz diferente. A descoberta do outro é isso, é convergência. Despir um corpo a primeira vez
é como despir um presente, por isso não se pode desembrulhá-lo assim, às pressas, embora a gula nos precipite afoitos sobre a pele ofertada. Não se pode com as mãos infantis, descompassadas, ir rasgando invólucros, arrebentando cordões com gula que as crianças só têm nas confeitarias, antes da indigestão.Um corpo é surpresa, sempre. É o que se vê nas praias, nessa pública ostentação, nesse exercício coletivo de nudez negaceada, em nada tira a eufórica contentação do ato, quando os dedos vão desatando botões e beijos, e rompendo as presilhas das carícias. Despir um corpo a primeira vez não é coisa de amador. Só se o amador for amador da arte de amar,porque o corpo do outro não pode ter a sensação de perda, mas a certeza de que algo nele se somou, que ele é um objeto luminoso que a outros deve iluminar. Um corpo a primeira vez, no entanto, é frágil e pode trincar em alguma parte. E os menos resistentes se partem, quando aquele que os toca, os toca apenas com cobiça e nunca a generosa mansidão de quem veio pela primeira vez, e sempre, para amar .

quarta-feira, 9 de março de 2011

Aline

Quase tudo que escrevo tem a expressão de repente,

É como se tudo fosse uma surpresa,

É diante do papel que todos aqueles sentimentos enrolados se traduzissem

E de repente consigo me descobrir onde não achava que pudesse existir

Quando leio poemas e parece que os poetas estão falando exatamente do que estou vivendo

Me vem a idéia de que todas as pessoas sentem as mesmas coisas

Talvez por motivos diferentes, e em momentos diferentes

Mas como as palavras são sempre repetidas

Como os pensamentos que são ecos de outros pensamentos,

Talvez os sentimentos também sejam repetição e repetição

Pensamos que ninguém pode saber o que estamos sentindo

Imaginamos que ninguém sente tão profundamente como nós

E no final das contas, somos todos iguais...

A diferença são as escolhas,

Se escolho amar alguém ou alguma coisa

Se sofro por coisas reais ou por fantasias.

Se me mato de fato,

Ou se vou morrendo em cada ato...

Não importa minhas escolhas,

Um dia você vai saber o que estou sentido.

terça-feira, 8 de março de 2011

Balanço de Carnaval


Planos? Fiz deles o papel que sentei na calçada pra não sujar a bunda.



Uma dor...

A dor é uma coisa que não se mede, mas não importa o seu tamanho ela sempre poderá crescer ou até mesmo acabar.

Dor por falta de amor, dor por impotência, dor por fraqueza, dor por pobreza, dor de saudade, dor de alegria e dor de excesso de amor.

Qual é mesmo a definição da dor? Essa coisa que aperta o peito e que faz lágrimas escorrerem no rosto... (será angustia?)

Mas o que dizer da dor de dente, da dor de parto e da dor de cotovelo. A que se perguntar o que tem em comum todas essas dores.

Se o sorvete de uma criança caído no chão, a traição de um grande amor, ou a fome. Como medir o maior sofrimento?

A dor é inevitável e não poupa ninguém. Mas existira uma maneira correta de vivê-la? Se podemos intensificá-la ou diminuí-la, onde se aprende a doer direito? Ou teremos sempre que suportar também a dor da ignorância...